Trecho do Livro – “Casamento, Divórcio e Novo Casamento na Bíblia"
Por Jay E. Adams
Divórcio é a dissolução do casamento
Casamento é um pacto, uma aliança
O adultério não quebra automaticamente o pacto
Divórcio é bíblico, mesmo que não tenha sido a intenção original na criação
Todo divórcio é causado pelo pecado, mas nem todo divórcio é pecaminoso
O divórcio não é o pecado imperdoável
A ideia de desquite é anti-bíblica e nociva
Divórcios em bases ilegítimas são divórcios reais, ainda que pecaminosos
Quando o cônjuge não crente quer se divorciar, o crente não pode dificultar
A cláusula de exceção enrijece a moral da igreja, ao contrário do que se costuma dizer
A teoria do noivado ignora o uso bíblico de porneia
Divórcio entre crentes só deve ocorrer quando não há arrependimento
Pecado tem consequências
Onde o divórcio é permitido, o novo casamento também é
O novo casamento é liberado para ambas as partes. Após o arrependimento e perdão a parte anteriormente "culpada" não pode mais ser impedida de se casar
Citações
"Não há como estudar o divórcio - a dissolução do casamento - ou novo casamento depois do divórcio, enquanto não forem estabelecidos alguns fatos bíblicos essenciais sobre o casamento. Muitas vezes os que discutem problemas relacionados com o divórcio entendem mal (e interpretam mal) os dados bíblicos precisamente porque não dedicaram tempo para desenvolver um conceito bíblico sobre casamento. Fazê-lo é de vital importância: ambos permanecem ou caem juntos."
"[…] é importante entender que não se deve igualar casamento e relações sexuais. Não se deve igualar a união matrimonial à união sexual, como alguns que estudam a Bíblia descuidosamente pensam. O casamento é uma união que envolve a união sexual como uma obrigação central e como um prazer importante (1 Cor. 7:3-5), é verdade, mas a união sexual não implica necessariamente o casamento. O casamento é diferente da união sexual, maior do que ela, e a inclui (como inclui a obrigação de propagar a raça) mas casamento e união sexual não são a mesma coisa."
"[…] porneia […] significa todo e qualquer pecado sexual."
"Alguns dizem erroneamente que o próprio adultério dissolve o casamento porque se realiza um novo casamento. Mas, biblicamente falando, isso também não é verdade."
"O casamento foi estabelecido porque Adão estava só e isso não era bom. Logo, o companheirismo é a essência do casamento. […] a Bíblia fala explicitamente do casamento como Aliança de Companheirismo."
"Uma vez que a descrição do casamento tem seu foco no companheirismo pactual, é óbvio que cada cônjuge deve cultivar o companheirismo. O casamento no qual não há companheirismo está fadado à miséria ou ao divórcio. Tudo o que põe em risco o companheirismo deve ser evitado; tudo quanto o promove deve ser cultivado."
"Contrariamente a algumas opiniões, o conceito de divórcio é bíblico. A Bíblia reconhece e regulamenta o divórcio. Foram feitas certas provisões para essa prática. Essa verdade deve ser afirmada claramente e sem hesitação. Visto que o divórcio é um conceito bíblico, ao qual se faz frequente referência nas páginas da Bíblia, os cristãos deverão fazer tudo o que puderem para entender e ensinar o que Deus, em Sua Palavra, diz a respeito do assunto. Além disso, requer-se que a Igreja aplique a casos individuais os princípios escriturísticos relacionados com o divórcio."
"Apesar de Deus dizer enfaticamente que "aborrece o repúdio" ou "odeia o divórcio" (Mal. 2:16), essa declaração não deve ser tomada absolutamente no sentido de que não há nada quanto ao divórcio que não deva ser detestado, porque Ele também nos diz: "…por todos os adultérios que a infiel Israel tem praticado, mandei-a embora e lhe dei um certificado de divórcio (Jer. 3:8, Berkeley).""
"Certamente, nem todo divórcio é errôneo, muito embora, todos os divórcios - estes inclusive [de Esdras 10] - sejam ocasionados por pecado."
"Há muitas atitudes erradas nas igrejas conservadoras sobre o divórcio e os divorciados. Segundo a maneira como algumas delas tratam pessoas divorciadas, dá para pensar que essas pessoas cometeram o pecado imperdoável."
"O divórcio pode ser perdoado, tem sido perdoado, é perdoado atualmente e continuará a ser perdoado por Deus. Que a igreja não se atreva a fazer menos!"
"Deus odeia o divórcio. Ele não o instituiu; Ele somente o reconheceu e o regulamentou para certas circunstâncias biblicamente prescritas. Mas […] muito embora Deus odeie o divórcio, porque há pecado por trás de todo divórcio como sua causa, nem todo divórcio é pecaminoso. Alguns são válidos (ver Jer. 3:8; Mat. 1:19). Deus permitiu o divórcio dentro de limites rigorosamente definidos. Existem causas legítimas para o divórcio, mesmo quando (talvez fosse melhor dizer porque) essas causas envolviam pecado. Considerando que todos os divórcios são consequência do pecado, nem todos os divórcios são pecaminosos."
"Deus permitiu e regulamentou o divórcio [em Dt 24]. Mas não se limitou meramente a regulamentá-lo. O fato de o regulamentar indica Sua permissão: não regulamentaria o que Ele proíbe. E o conteúdo da regulamentação indica (1) que Ele queria impedir que as pessoas causassem mais dano a outras do que de outro modo causariam; e (2) que Ele tencionava desestimular ações imprudentes e precipitadas de divórcio."
"A ideia moderna de separação é uma substituição antibíblica da exigência bíblica de reconciliação ou (em alguns casos) de divórcio. Somente essas duas opções são dadas por Deus. A separação moderna não estabelece nada de positivo; limita-se a uma recusa a enfrentar as questões e resolvê-las."
"[…] mesmo quando uma separação por divórcio ocorra como resultado de desobediência, esse divórcio - embora pecaminoso, embora obtido sobre fundamentos ilegítimos - rompe o casamento. As bases podem ser ilegítimas; o divórcio propriamente dito não o é. Os crentes que se separam pecaminosamente por divórcio são descritos como "não casados". Vê-se este ponto em toda parte nas Escrituras. Justamente como o casamento é feito mediante acordo pactual, contratual, assim também é dissolvido pelo rompimento desse acordo no divórcio. Segue-se, pois, que é um grande erro falar de cônjuges separados (mesmo nesse caso) como "ainda casados aos olhos de Deus"."
"[…] se alguém pensa que duas pessoas estão casadas aos olhos de Deus, apesar de divorciadas, terá então que concluir que esses cônjuges ainda têm obrigações matrimoniais, inclusive obrigações sexuais (1 Cor. 7:3-5). Se acreditar nessa ideia, o conselheiro cristão se verá na posição de ter que insistir com quem ele aconselha em que o casal continue ou volte a viver junto e a manter intercurso sexual normalmente, depois do divórcio. Caso queira continuar em sua posição errada, ele não somente estará defendendo a desobediência à lei civil, mas (pior), se, como acredito que acontece, ele está errado, ele está defendendo a fornicação. As relações sexuais fora do casamento as Escrituras proíbem. Para a Palavra de Deus, esse tipo irregular de união não existe. É muito fácil atirar livremente frases como "ainda casados aos olhos de Deus", mas quem faz isso verá que é coisa muito séria encarar as suas implicações."
"Todos os divórcios brotam de pecado, embora nem todos os divórcios sejam pecaminosos."
"Muitos cristãos querem sair de casamentos mistos quando seus cônjuges não têm esse desejo. Essa atitude não deve ser nem encorajada nem apoiada. Tampouco os cristãos devem fazer coisa alguma para provocar a saída dos seus cônjuges. Qualquer coisa que se pareça com isso é contrária ao espírito da passagem aqui em foco [1 Cor. 7:12-16]."
"Assim, então, parece que o princípio geral está suficientemente claro: onde não há consentimento (acordo) por parte do incrédulo em dar continuidade ao casamento ([1 Cor.] 7:12, 13), mas, ao contrário, há um desejo de dissolvê-lo, o cristão não deve se colocar como um obstáculo para a separação. Paulo faz uso do imperativo permissivo: que ele "se aparte". É uma ordem. Este é o único caso em que o divórcio é exigido."
"A ideia atual de separação (desquite) em vez de divórcio é patentemente antibíblica porque viola esse princípio. Esse tipo de recurso não estabelece nem resolve nada; mantém tudo no ar, e milita contra a verdadeira paz. Esse iníquo substituto da solução bíblica (qual seja, paz obtida pela reconciliação ou pelo divórcio) é inimigo da verdadeira paz. Tudo é mantido no limbo. Esse mal engana por causar temporária sensação de alívio, muitas vezes confundida com paz. Mas esse falso recurso nada estabelece nem resolve; não redunda em verdadeira paz."
"Contrariamente aos temores de alguns nos dias atuais, que acham que permitir o divórcio por causa de fornicação é um grave relaxamento da moral cristã, Mateus viu o efeito da inclusão desta cláusula excepcional [Mt 5:32; Mt 19:9] sob uma luz inteiramente oposta. Ao assinalar esta única exceção estabelecida por Cristo, ele sabia que para muitos essa medida enrijeceria a moralidade da Igreja."
"Fornicação refere-se ao pecado sexual de todo e qualquer tipo; adultério é a infidelidade de um cônjuge dentro do casamento."
"A posição cristã é, então, que o divórcio nunca é desejável, e entre os cristãos nunca é inevitável. A reconciliação […] é sempre possível, pois os crentes estão sob os cuidados e a disciplina da igreja. Porquanto permitido para os cristãos em casos de pecado sexual, nunca se requer o divórcio."
"Alguns, erroneamente, têm ensinado (e ainda ensinam largamente nos dias atuais) que, uma vez que Jesus empregou a palavra fornicação, Ele estava falando sobre pecado sexual cometido durante o período do noivado; não depois do casamento. Mas, […] essa ideia brota de uma grave incompreensão do uso bíblico de porneia."
“A teoria do noivado [que porneia como motivo para o divórcio é somente a relação sexual ilícita cometida durante o noivado] não encontra suporte nas Escrituras e, na verdade, o uso feito pelas Escrituras toda a aniquila”. A popularidade dos mestres que acaso esposem essa teoria não é base para sua aceitação.
[…] há bom motivo para se manter a interpretação padrão, protestante, histórica, segundo a qual o crente pode divorciar-se do seu cônjuge por causa de fornicação."
"[…] o divórcio de um cônjuge crente que cometeu fornicação deve restringir-se aos que se recusam a arrepender-se do seu pecado."
"O perdão não livra o pecador de todas as consequências do seu pecado. O perdão significa que Deus deixa de lhe imputar o seu pecado. A pessoa perdoada não será sentenciada eternamente por esse pecado; Cristo foi julgado e condenado em seu lugar. Mas as consequências sociais ainda têm que ser enfrentadas. Se, numa briga de bêbados, um homem não salvo meteu o braço numa vidraça, quebrou o vidro e, por isso, o seu braço teve que ser amputado, não significa que, depois de salvo pela graça, ele vai ter um novo braço. Não; ele sofrerá as consequências daquele pecado pelo resto da vida."
"A igreja não tem o direito de proibir o que Deus permite."
"É pressuposto na Bíblia que, onde quer que as Escrituras permitam o divórcio, permitem igualmente o novo casamento."
"Todas as pessoas corretamente divorciadas podem casar-se de novo."
"John Murray argumenta com sucesso no sentido de que aquele que se divorciou em consonância com a exceção estabelecida em Mateus 19:9 está livre para casar, porque a exceção (““ não sendo por causa de prostituição”, ou de
"pecado sexual") aplica-se, não somente à frase, "qualquer que repudiar sua mulher", mas também a esta outra: "e casar com outra"."
"De um modo ou de outro, parece que o adultério e o divórcio por razões não bíblicas têm sido omitidos da lista atual de pecados perdoáveis, muito embora Deus os perdoe. Esse é um erro trágico. Omitir tais pecados, negando-lhes o perdão, é contaminar a herança humana de Jesus Cristo!"
“Façamos a seguinte pergunta: seria proibido casar com pessoas anteriormente adúlteras ou divorciadas pecaminosamente”? Outra pergunta: seria proibido casar com antigos assassinos ou mentirosos ou difamadores? Não há mais forte razão para acreditar que o primeiro caso é proibido, do que no segundo. Ou a obra purificadora de Deus purifica, ou não.
É por isso que frequentemente agimos incorretamente quando falamos sobre a "parte culpada" e a "parte inocente", quando consideramos o novo casamento. Essa linguagem não é bíblica e deve ser empregada com muito cuidado. Embora por ocasião de um divórcio uma parte pode ter sido culpada (ou ter obtido pecaminosamente o divórcio) e a outra parte pode ter sido inocente, não é próprio continuar a falar da pessoa arrependida e perdoada como a parte "culpada", seja que o seu pecado tenha sido cometido antes ou depois de sua conversão. Em Cristo essa pessoa agora é inocente. Quem somos nós para lembrar e manter essa culpa contra ela, quando Deus não faz isso?"
"Pois bem, alguém dirá que o que digo torna o perdão fácil demais e que estimula o divórcio. Não honro esse argumento nem um pouco mais do que Paulo o faz em Romanos. O divórcio, obtido erroneamente, é pecado - uma ofensa a Deus e ao homem. Não estou incentivando o divórcio nem um pouco mais do que Deus incentivou o roubo, o adultério, o homossexualismo, a mentira e o homicídio, quando declara que tais pecados são totalmente perdoados em Cristo e deixados para trás, no passado (1 Cor. 6:11). O arrependimento, quando genuíno, é semelhante ao arrependimento de Davi (Salmos 51, 38, etc.); não é tratado levianamente como um truque ou um passe de mágica. O pecador arrependido reconhece e confessa a grave natureza da sua ofensa, e, não somente se mostra grato, mas também produz fruto (mudança) próprio do arrependimento. Em toda e qualquer discussão sobre divórcio e novo casamento, devemos ter o cuidado de preservar a integridade de duas verdades bíblicas: 1. O pecado é odioso. 2. A graça é maior do que o pecado mais odioso (Rom. 5:20)."
Jay E. Adams
Fonte: Casamento, Divórcio e Novo Casamento na Bíblia - Editora PES
Fonte secundaria – Blog “Casa de Interpretes “
http://casadeinterprete.blogspot.com/2014/07/divorcio-e-novo-casamento-defensores-da_22.html
Este Blog tem 38 POSICIONAMENTOS de teólogos Reformados, e pais da Igreja, exceto um o pastor Jaime Kemp,mas TODOS favoráveis a “"Divórcio POSSÍVEL e Novo Casamento POSSÍVEL"
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