LEI e GRAÇA (Charles Haddon Spurgeon) Estudo em 7 partes


Lei e Graça 
Spurgeon - adaptado

" Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça,"-Romanos 5:20.

Não há nenhum outro ponto sobre o qual os homens erram mais do que sobre a relação que existe entre a lei e o evangelho. Alguns homens realçam a lei em vez de o evangelho; outros realçam o evangelho em vez da lei, alguns modificam a lei e o evangelho, e não pregam nem a lei, nem o evangelho, e outros revogam totalmente a lei, ao proclamarem o evangelho. Muitos há que pensam que a lei é o evangelho, e que ensinam que os homens pelas boas obras de benevolência, honestidade, justiça e sobriedade, podem ser salvos. Tais homens erram. Por outro lado, muitos ensinam que o evangelho é uma lei, que tem certos mandamentos nele, por obediência aos quais, os homens são salvos meritoriamente; tais homens se desviam da verdade, e não a entendem. Uma certa classe sustenta que a lei e o evangelho são misturados, e que, em parte, pela observância da lei, e em parte pela graça de Deus, os homens são salvos. Estes homens não compreendem a verdade, e são falsos mestres. Eu vou tentar com a ajuda de Deus, mostrar o qual é o propósito da lei, e então qual é o fim do evangelho. A vinda da lei é explicada em relação a seus objetivos: "Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; (Rom 5.20)
Então, em seguida, vem a missão do evangelho: "mas onde abundou o pecado, superabundou a graça,".

I. Primeiro, vamos falar do texto em referência ao mundo.
O objetivo de Deus em enviar a lei para o mundo foi "que a ofensa abundasse." Mas depois vem o evangelho, porque "onde o pecado abundou, a graça se fez muito mais abundante." Primeiro, então, em referência a todo o mundo, Deus enviou a lei para o mundo para "que a ofensa abundasse." Havia pecado no mundo muito antes que Deus enviasse a lei. Deus deu a sua lei para que a ofensa pudesse ser vista como uma ofensa, e que a ofensa abundasse muito mais do que poderia ter ocorrido sem a vinda da lei. (Ou seja: a lei não foi a causa de o pecado aumentar, mas por ela, muito do que os homens não consideravam ser uma ofensa, passou a ser visto como tal à luz da lei.) Havia pecado muito antes do Sinai fumegar; a montanha tremeu sob o peso da Deidade, e a trombeta soou mui forte e longamente, porque tinha havido transgressão. E onde essa lei nunca fora ouvida, nos países pagãos, onde essa palavra nunca saiu, ainda havia pecado, porque, embora os homens não pudessem pecar contra a lei que eles nunca viram, ainda assim todos eles podiam se rebelar contra a luz do natureza, contra os ditames da consciência, e contra o que a memória tradicional de certo e errado, que tem acompanhado a humanidade desde o lugar onde Deus os criou. Todos os homens, em todas as terras, têm consciência e, portanto, todos os homens podem pecar.
O ignorante, que nunca ouviu falar nada sobre Deus, tem todavia muito da luz da natureza, que nas coisas que são aparentemente boas ou más, ele discernirá a diferença, e contudo ele tolamente se inclina a troncos e pedras, ele tem um julgamento que, se ele fizer isso, seria melhor instruído. Se ele escolhe usar seu talento, ele pode saber que há um Deus, pois o Apóstolo, quando fala de homens que têm apenas a luz da natureza, claramente diz que "as coisas invisíveis de Deus, desde a criação do mundo, são vistas claramente, sendo compreendidas por meio das coisas criadas, mesmo seu sempiterno poder e divindade, de modo que eles são inescusáveis". Romanos 1:20. Sem a revelação divina os homens podem pecar, e pecar excessivamente - e a consciência, natureza, tradição e razão, são cada um deles, suficientes para condená-los por seus mandamentos violados. A lei não torna ninguém pecador; todos os homens estão em Adão, e são tão pecadores quanto antes da introdução da lei. A lei entrou para que "a ofensa abundasse mais. " Agora isto parece um pensamento muito terrível à primeira vista, e muitos ministros que se esquivaram deste texto completamente. Mas quando eu encontro um versículo que eu não entendo, eu costumo pensar que é um texto que deve ser estudado, e eu tento achar a compreensão diante de meu Pai celestial, e então, quando ele a abriu em minha alma, eu acho que é meu dever comunicá-la a você, com a ajuda do Espírito Santo. "A lei veio para que a ofensa abundasse." Vou tentar mostrar-lhe como a lei faz as ofensas "abundarem."

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Parte 2


1. Primeiro de tudo, a lei nos diz que muitas coisas são pecados que nunca seriam assim consideradas, se não fosse pela luz adicional que ela, lei acrescenta, porque. mesmo com a luz da natureza, e a luz da consciência, e a luz da tradição, há algumas coisas que nunca creríamos que fossem pecados se não tivéssemos sido ensinados assim pela lei. Agora, qual homem, pela luz da consciência, iria santificar o dia de sábado, supondo-se que ele nunca leu a Bíblia, e que nunca ouviu falar dela? Se ele viveu numa ilha dos Mares do Sul ele poderia saber que havia um Deus, mas não, por qualquer possibilidade, poderia descobrir que a sétima parte do seu tempo deveria ser separada para Deus. Descobrimos que há certos festivais entre os pagãos, e que eles separam dias em honra de seus deuses imaginários, mas eu gostaria de saber como eles poderiam descobrir que havia um certo sétimo dia para ser consagrado a Deus, para gastar o tempo em sua casa de oração. Como eles poderiam?, a não ser pela tradição transmitida por gerações quanto à consagração original daquele dia pelo Senhor criador. Eu não posso conceber que seja possível que qualquer consciência ou razão poderia lhes ter ensinado um mandamento como este: Lembre-se do dia de sábado para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus, nele não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu servo, nem tua serva , nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas." Além disso, se no termo "lei" compreendermos o ritual cerimonial, podemos ver claramente que muitas coisas, que na aparência, são completamente indiferentes, foram por ele constituídas pecados. O consumo de animais que não ruminam e têm o casco dividido, o contato com um leproso, e com milhares de outras coisas, todos parecem não serem pecados em si, mas a lei os considerava pecados, e assim fez a ofensa abundar.
Para fixar nas pessoas do Seu povo a noção de que há coisas puras e impuras Deus estabeleceu tais distinções na Lei que deu a Israel através de Moisés, quanto ao uso de alimentos, vestuário e em muitas outras situações, de modo que os homens viessem também a distinguir neles próprios as fontes e atitudes relativas ao que é bom, que procedem de uma alma santa, justa, pura, misericordiosa,que ama e que é obediente, e ao que é mau, que procedem de uma alma ímpia, injusta, impura, implacável, que odeia e que é rebelde.
E uma vez atingido tal propósito didático da Lei, coincidindo com a vinda de Cristo, tais prescrições cerimoniais ilustrativas foram abolidas, por já terem colocado sob a sua luz as inclinações pecaminosas que existem nos corações de todos os homens, convencendo-lhes que são de fato transgressores dos mandamentos de Deus, por causa do princípio mau que existe em seus corações, chamado pecado.
É um fato que você pode verificar, olhando para o funcionamento de sua própria mente, que a lei tem uma tendência a tornar os homens rebeldes. A natureza humana se levanta contra a restrição. Eu não conheceria a concupiscência se a lei não dissesse: "Não cobiçarás". A depravação do homem é excitada para a rebelião pela promulgação de leis. Tão maus somos nós, que concebemos o desejo de cometer um ato, simplesmente porque é proibido. As crianças, todos nós sabemos, como regra, sempre desejam o que não podem ter, e se são proibidas de tocar em algo, irão fazê-lo quando se lhes deparar uma oportunidade, ou por muito tempo se for possível fazê-lo. A mesma tendência qualquer estudante da natureza humana pode discernir na humanidade em geral. Está então a lei associada com o meu pecado? Deus me livre!!! "Mas o pecado, tomando ocasião pelo mandamento, operou em mim toda a concupiscência. Porque o pecado, tomando ocasião pelo mandamento me enganou, e por ele me matou." Romanos 7:7,8,11.
A lei é santa, e justa, e boa, ela não tem defeito, mas o pecado a usa como uma ocasião de ofensa, e rebelião, quando deve ser obedecida. Agostinho colocou a verdade numa luz clara quando escreveu "A lei não é falha, mas sim a nossa natureza má e perversa, assim como um monte de cal que está quieto e silencioso até que a água seja despejada nele, e então ele começa a fumegar e a queimar, não por culpa da água, mas da natureza e tipo da cal que não vai suportá-la. " Assim, você vê, este é um segundo sentido em que a entrada da lei fez com que a ofensa abundasse.

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Parte 3

3. E ainda, a lei aumenta a pecaminosidade do pecado, através da remoção de toda a desculpa de ignorância. Até que os homens conheçam a lei, seus crimes têm pelo menos um paliativo parcial de ignorância, mas quando o código de regras é propagado diante deles, seus crimes se tornam maiores, uma vez que são cometidos contra a luz e o conhecimento. Aquele que peca contra a consciência deve ser condenado, de quanto maior castigo será considerado digno o que despreza a voz de Jeová, desafia a sua soberania sagrada, e intencionalmente pisoteia os seus mandamentos. Quanto mais luz, maior a culpa - a lei assim faz com que a luz nos leve a nos tornarmos duplamente criminosos. Oh, vós, nações da terra que já ouviram falar da lei do SENHOR, seu pecado é maior, e sua ofensa abunda.
Parece que eu ouvi alguns dizerem: "Quão pouco sábio deve ter sido que a lei deveria vir para fazer essas coisas abundarem!" Não é assim, à primeira vista, parece ser muito duro que o grande autor do mundo nos desse uma lei que não justificar, mas que indiretamente faz com que a nossa condenação seja ainda maior? Não parece ser uma coisa que um Deus clemente não quis revelar, mas teria retido? Mas, saibam que "a loucura de Deus é mais sábia do que os homens", e compreendam que há um propósito gracioso mesmo aqui. O homem natural sonha que por um estrito cumprimento do dever ele alcançará o favor, mas Deus diz assim: "Eu vou lhes mostrar sua loucura, proclamando uma lei tão elevada que eles vão se desesperar para cumpri-la. Eles pensam que obras são suficientes para. salvá-los. Eles pensam falsamente, e eles serão arruinados pelo seu erro. Eu lhes enviarei uma lei tão terrível em suas censuras, tão inflexível em suas exigências, que eles não poderão obedecê-la, somente por si mesmos, e eles serão levados até ao desespero, e aceitarão a minha misericórdia através de Jesus Cristo. Eles não podem ser salvos pela lei, não pela lei da natureza. Porque eles têm pecado contra ela. Mas, ainda assim, eu sei, que eles têm esperado, insensatamente guardar perfeitamente a minha lei, e pensam que podem ser justificados pelas obras da lei, embora eu tenha dito que pelas obras da lei ninguém pode ser justificado, portanto, escreverei uma lei, que será um jugo pesado que eles não poderão carregar, e então eles virão e dirão: 'Eu não vou tentar carregá-lo, vou pedir ao meu Salvador para suportá-lo por mim.
"Imagine um caso: - Alguns jovens estão prestes a ir para o mar, onde eu prevejo que irão ao encontro de uma grande tempestade. Suponha que você me tenha colocado numa posição onde eu possa causar uma tempestade antes que outra se levante. Bem, no momento em que a tempestade natural chegar, aqueles jovens terão grandes dificuldades no mar, e serão destruídos e arruinados antes que possam voltar em segurança. Mas o que eu faço? Quando eles estão apenas na boca do rio, eu envio uma tempestade ainda maior, colocando-os em grave perigo, e precipitando-os em terra, de modo que eles são salvos. Assim fez Deus. Ele envia uma lei que lhes mostra a dureza da viagem. A tempestade da lei os obriga a voltarem ao porto da graça, e assim os salva de uma destruição terrível, que poderia lhes sobrevir. A lei nunca veio para salvar os homens. Esta nunca foi sua intenção. Ela veio com o propósito de fazer a prova completa de que a salvação pelas obras é impossível, e, assim, conduz os eleitos de Deus a confiarem totalmente na salvação final do evangelho.
Voltemo-nos para a parte mais agradável do assunto-a superabundância da graça. Tendo lamentado a devastação e ações prejudiciais do pecado, isto deleita os nossos corações: ter a certeza de que "a graça se fez muito mais abundante."
Virá um tempo em que o mundo será todo cheio da graça e que nunca houve tal período na história deste mundo quando foi inteiramente entregue ao pecado. Pois se afirma:
Habacuque 2:14 Pois a terra se encherá do conhecimento da glória do SENHOR, como as águas cobrem o mar.
Num 14.20,21: Tornou-lhe o SENHOR: Segundo a tua palavra, eu lhe perdoei. 21 Porém, tão certo como eu vivo, e como toda a terra se encherá da glória do SENHOR,
Quando Adão e Eva se rebelaram contra Deus, ainda havia uma exposição da graça no mundo, pois no jardim, ao fechar do dia, Deus disse: "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua semente: esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar ", e desde essa primeira transgressão, nunca houve um momento em que a graça tivesse inteiramente perdido o seu pé na terra. Deus sempre teve seus servos na terra, às vezes eles têm sido escondidos por anos aos cinqüenta nas cavernas, mas eles nunca foram totalmente cortados. A graça pode ser baixa, o fluxo pode ser muito raso, mas nunca foi totalmente seco. Sempre houve um sal de graça no mundo para neutralizar o poder do pecado. As nuvens nunca foram tão universais que pudessem esconder o dia. Mas o tempo está se aproximando rapidamente quando a graça se estenderá por todo o mundo pobre e será universal.
Segundo o testemunho da Bíblia, nós olhamos para o grande dia, quando a nuvem escura que tem envolto este mundo em trevas, serão removidas, e ele deve brilhar uma vez mais como todos os seus planetas irmãos. Ele tem sido para muitos um longo ano nublado e velado pelo pecado e pela corrupção, mas o último fogo deve consumir seus trapos e sacos. Depois deste fogo, o mundo brilhará com a justiça. A enorme massa fundida agora adormecida nas entranhas de nossa mãe comum deverá fornecer os meios de pureza. Palácios, e coroas, e povos e impérios, serão todos derretidos, e depois que a presente criação tiver sido queimada por completo, Deus vai assoprar sobre a massa aquecida, e ela irá esfriar novamente. Ele sorrirá com o novo céu e terra, tal como fizera quando os criou no princípio, e os rios correrão em novas colinas, os oceanos flutuarão leitos recém-criados e o mundo voltará a ser a morada dos justos, para sempre e sempre. Cristo morreu por todo o mundo, e o mundo inteiro, ele terá, quando ele o tiver purificado. "Onde o pecado abundou, a graça se fez muito mais abundante;". Porque a graça será universal, como o pecado nunca o fora.

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Parte 4


II. Agora chegamos à segunda parte do assunto, e que é a entrada DA LEI NO CORAÇÃO.
Temos que lidar com cuidado quando tratamos com coisas internas. Não é fácil falar sobre o coração. Quando começamos a mexer com a lei de suas almas, muitos ficam indignados, mas não tememos a sua ira. Nós vamos atacar agora o homem escondido. A lei entrou em seus corações para que o pecado abundasse, mas onde o pecado abundou, a graça se fez muito mais abundante.
1. A lei faz com que a ofensa abunde por descobrir o pecado na alma. Ao mesmo tempo Deus Espírito Santo aplica a lei à consciência, e pecados secretos são arrastados para a luz, pequenos pecados são ampliados ao seu tamanho verdadeiro, e as coisas aparentemente inofensivas tornam-se excessivamente pecaminosas. Antes que este perscrutador dos corações faça a sua entrada na alma, ele parece justo, amável e santo, mas quando ele revela os males ocultos, a cena fica mudada. Ofensas que já foram pecadilhos ninharias, fraquezas da juventude, loucuras, indulgências, pequenos deslizes, etc., em seguida, aparecem na sua verdadeira cor, como violações da lei de Deus, merecendo a correspondente punição.
John Bunyan explicará o que estou dizendo com um trecho de sua famosa alegoria de O Peregrino: "Então, o Intérprete tomou Cristão pela mão e o levou-o para uma sala muito grande que estava cheia de poeira, porque nunca foi varrida; e Intérprete chamou um homem para varrê-la. Agora, quando ele começou a varrer, o pó se espalhou tão abundantemente, que Cristão quase ficou sufocado. Então, Intérprete disse a uma donzela que ali se encontrava: "Traga água e polvilhe a sala";. Então a sala pode ser varrida sem que se levantasse a poeira. Então, disse Cristão, 'O que significa isso?' O Intérprete respondeu: "Esta sala é o coração de um homem que nunca foi santificado pela doce graça do Evangelho. A poeira é o seu pecado original e corrupções interiores que contaminaram o homem como um todo. Aquele que começou a varrer, a princípio, é a lei, mas a que trouxe a água e a aspergiu, é o evangelho. Agora, quanto ao que viste: assim que o primeiro começou a varrer, a poeira começou a se espalhar pela sala e ela não poderia ser limpa por ele, e isto é para te mostrar que a lei, em vez de purificar o coração (por seu trabalho) do pecado, ela o reaviva como se lê em Romanos 7:9, e lhe dá força, como se afirma em I Coríntios 15:56, e o aumenta na alma, como se vê em Romanos 5:20; ao mesmo tempo que o descobre, o abandona, porque não tem poder para subjugá-lo. E ainda, como viste a donzela polvilhar a sala com água, e limpá-la com prazer, isto é para te mostrar o evangelho que chega com as suas doces e preciosas influências para o coração, e do mesmo modo que viste a menina limpar a poeira do chão com a aspersão da água, de igual modo o pecado é vencido e subjugado, e a alma purificada, através dele, e, conseqüentemente, fica apta para o Rei da glória habitá-la. O coração é como um porão escuro, cheio de lagartos, baratas, besouros, e todos os tipos de répteis e insetos, que no escuro não vemos, mas a lei abre as janelas e deixa a luz entrar, e assim vemos o mal. De igual modo, o pecado é tornando visível pela lei, e por isso está escrito que a lei faz com que a ofensa abunde.

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Parte 5


2. Mais uma vez. A lei, quando entra no coração, nos mostra como estamos muito sujos. Alguns de nós sabemos que somos pecadores . É muito fácil dizer isso. Muitos trazem a palavra "pecador" em seus lábios, mas não entendem o que é isso. Eles vêem o seu pecado, mas não lhes parece excessivamente maligno até que a lei entre. Achamos que há algo pecaminoso nele, mas quando a lei chega, nós detectamos a sua abominação. A luz santa de Deus já brilhou em sua alma? Você já teve as fontes de sua grande depravação e mal quebradas, e foi despertado o suficiente para dizer: "Ó Deus, eu tenho pecado?" Agora, se você tem seu coração partido pela lei, você vai achar que o coração é mais enganoso do que o diabo. Eu posso dizer isso de mim, estou com muito medo do meu, ele é tão mal. A Bíblia diz: "Enganoso é o coração acima de todas as coisas." O diabo é uma das coisas, portanto, é pior do que o diabo "e desesperadamente corrupto." Quantos de nós conhecemos quem está dizendo, "Bem, eu confio que no fundo eu tenho um coração muito bom. Pode ser que haja algum mal no topo, mas no âmago eu sou muito bom de coração." Se você viu algum fruto no topo de uma cesta que não estivesse bom, você iria comprar a cesta, porque eles lhe disseram: "Sim, mas eles estão bons no fundo?" "Não, não", você diria, "eles deveriam estar melhor no topo, e se eles são ruins lá, com certeza devem estar podres embaixo." Há muitas pessoas que vivem vidas duvidosas, e alguns amigos dizem: "Ele é, no fundo, de bom coração, ele ficar bêbado às vezes, mas ele é muito bom de coração na parte inferior." Ah! nunca acreditem. Os homens raramente são estimados melhor do que eles parecem ser. Se o exterior do copo ou prato estiver limpo, o interior pode estar sujo, mas se por fora é impuro, você pode ter sempre a certeza de que o interior não é melhor. A maioria de nós coloca a nossa mercadoria boa na frente do balcão, e as coisas ruins escondidas atrás, para que os compradores não as vejam. Permita que você e eu, em vez de dar desculpas sobre nós mesmos, sobre a maldade dos nossos corações, se a lei tem entrado em sua alma, curva-se e diga: "Ó o pecado da impureza - as trevas - a terrível natureza de nossos crimes! " A lei entrou para que a ofensa abunde."

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Parte 6


3. A lei revela a abundância do pecado, revelando-nos a depravação de nossa natureza. Estamos todos preparados para acusar a serpente com a nossa culpa, ou insinuar que nos extraviamos por causa da força do mau exemplo, mas o Espírito Santo dissipa esses sonhos, trazendo a lei para o coração. Então as fontes do grande abismo são rompidas, a maldade inata da própria essência do homem caído é descoberta. A lei corta o âmago do mal, ela revela a sede da doença, e nos informa que a lepra se encontra profundamente enraizada. Oh! como o homem se abomina quando ele vê todos os seus rios de água se transformarem em sangue, e a repugnância rastejando sobre todo o seu ser. Ele descobre que o pecado não é uma ferida superficial, mas uma facada no coração, ele descobre que o veneno tem impregnado suas veias, encontra-se em sua própria medula, e tem sua fonte no mais interior do seu coração. Agora, ele detesta a si mesmo, e de bom grado ser curado. Ele fica pálido e chega à conclusão de que a salvação pelas obras é uma impossibilidade.
4. Tendo assim removido a máscara e mostrado o caso desesperado do pecador, a lei implacável faz com que a ofensa abunde ainda mais por trazer para casa a sentença de condenação. É montado o tribunal, a lei veste a capa preta e pronuncia a sentença de morte. Com uma voz áspera impiedosa solenemente troveja adiante as palavras, "já estão condenados." Isto leva a alma a preparar a sua defesa, sabendo muito bem que todos os seus argumentos de justificativa foram foi destruídos pelo trabalho anterior de convicção. O pecador fica, portanto, sem fala, e a lei, com aparência carrancuda, levanta o véu do inferno, e dá ao homem um vislumbre de tormento. A alma sente que a sentença é justa, que a punição não é muito grave, e que a misericórdia não tem direito de esperar, ele está tremendo, desmaiando, e se intoxicando com espanto, até que cai prostrado em total desespero. O pecador põe a corda em torno de seu próprio pescoço, coloca no traje dos condenados, e se lança aos pés do trono do Rei, com apenas um pensamento: "Eu sou vil", e com uma oração: "Deus tenha misericórdia de mim, pecador ".
5. A lei não cessa as suas operações, mesmo aqui, pois torna o crime ainda mais aparente , descobrindo a impotência ocasionada pelo pecado. Ela não somente condena, mas realmente mata. Aquele que uma vez pensou que ele poderia se arrepender e crer no prazer, não encontra em si mesmo o poder de fazer nem um, nem o outro, ou seja, se arrepender e ter prazer. Quando Moisés fere o pecador, ele o contunde e mago com o primeiro golpe, mas dá um segundo ou um terceiro, e ele cai como um morto. Eu próprio estive em tal condição que, se o céu pudesse ser comprado por uma única oração eu deveria ter sido condenado, pois eu não conseguia mais orar do que poderia voar. Além disso, quando estamos na sepultura que a lei cavou para nós, nos sentimos como se não pudéssemos sentir e lamentamos, porque não podemos lamentar. A terrível montanha repousa sobre nós e nos impede de mover a mão ou o pé, e quando queremos gritar por socorro a nossa voz se recusa a nos obedecer. São em vão os apelos do pator: "Arrependei-vos". Nosso coração duro não vai derreter, em vão, ele nos exorta a crer, porque a fé da qual ele fala parece estar mais além da nossa capacidade. A ruína se torna agora ruína de fato. A sentença está trovejando em nossos ouvidos, "já estão condenados", outro grito segue, "morto em delitos e pecados", e um terceiro, mais horrível e terrível, se mistura à sua advertência horrível, "A ira por vir - a ira vindoura ." Na opinião do pecador, ele agora está lançado fora, como uma carcaça corrupta, ele espera a cada momento ser atormentado pelo verme que nunca morre e levantar os olhos no inferno.

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Parte 7


Agora é momento de misericórdia, e mudar o assunto de condenação da lei para a superabundância da graça.
Ouça, ó cansados e oprimidos, condenados pecadores, enquanto em nome de meu Mestre, eu proclamo a graça superabundante. A Graça excede o pecado em sua medida e eficácia. Embora os teus pecados sejam muitos, a misericórdia tem muitos perdões. Embora eles superem as estrelas, as areias, as gotas do orvalho no seu número, um ato de remissão pode cancelar todos eles. Sua iniqüidade, apesar de uma montanha, será lançada no meio do mar. Sua imundície será lavada pelo dilúvio da limpeza do sangue do seu Redentor. Marquem! Eu disse: seus pecados, e eu quis dizer isso, pois se você é agora um pecador condenado pela lei, eu sei que você será um vaso de misericórdia por esse grande sinal. Oh, pecadores dignos do inferno, devassos abandonados, párias da sociedade, caso reconheçam a sua iniqüidade, aqui está a misericórdia, grande, amplo, gratuita, imensa, infinita. Lembre-se disto oh pecador.
A graça ainda é mais excelente que o pecado numa outra coisa. O pecado nos mostra o seu pai, e nos diz que o nosso coração é o seu pai, mas a graça ultrapassa o pecado, e mostra o autor da graça - o Rei dos reis.
Oh cristão, que coisa abençoada é a graça, pois sua fonte está nas montanhas eternas. Pecador, se você é o mais vil no mundo, se Deus lhe perdoar agora, por você se confessar pecador e crer em Cristo para ser Seu salvador e senhor, você se tornará um dos filhos de Deus, e o terá sempre como seu pai. No entanto, como foi essa mudança? Oh! não é isto um ato de misericórdia? "A graça se fez muito mais abundante."
Graça supera o pecado, porque nos eleva acima do lugar de onde caímos. E, novamente, "onde o pecado abundou, a graça se fez muito mais abundante"; porque a sentença da lei pode ser revertida, mas a da graça nunca pode. Eu me levanto aqui e me sinto condenado, ainda, talvez, tenha uma esperança de que possa ser absolvido. Mas quando somos justificados, não há medo da condenação. Eu não posso ser condenado se eu fui uma vez justificado; porque sou totalmente absolvido pela graça. Eu desafio Satanás para impor as mãos sobre mim, se eu sou um homem justificado. O estado de justificação é imutável, e está indissoluvelmente unido à glória. "Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? É Cristo que morreu, sim, antes, que ressuscitou, que está à direita de Deus, e que também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou angústia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou a espada? Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem morte, nem vida, nem anjos, nem principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor. "
O pecado faz com que um coração contrito se sinta como o mundo fosse desabar sobre ele. Este é o efeito da lei. A lei nos deixa tristes, a lei nos torna infelizes. Mas, pobre pecador, a graça remove os maus efeitos do pecado sobre o seu espírito, se tu crês no Senhor Jesus Cristo, tu ficarás com um olhar brilhante e um coração cheio de luz.
Deus disse: "Ainda que vossos pecados sejam como a escarlata, eles ficarão mais brancos do que a neve". Por que isto não será a tua porção, meu irmão, se te sentes pecador agora? Tudo o que ele pede de ti, é que sintas a tua necessidade dele, e o sangue de Jesus será colocado diante de ti. "A lei entrou para que o pecado abundasse." Tu és perdoado, se apenas creres nisto; eleitos, creiam apenas nisto. Esta é a verdade com que são salvos.
E agora, finalmente, pobre pecador, o pecado te fez impróprio para o céu? A graça fará de ti um companheiro adequado para os serafins e para os justos aperfeiçoados. Tu que hoje estás perdido e destruído pelo pecado, serás um dia encontrado com uma coroa na tua cabeça, e uma harpa dourada na tua mão, exaltado diante do trono do Altíssimo. Pensem oh todos vocês, mesmo os bêbados e drogados, caso vocês se arrependam, há uma coroa que os aguarda no céu. Vocês os mais culpados, os mais perdidos e depravados, são condenados em suas consciências pela lei? Então eu os convido, em nome do meu Mestre, a aceitarem o perdão pelo Seu sangue. Ele sofreu em seu lugar, ele expiou a sua culpa e você é absolvido. Você é objeto de sua afeição eterna, a lei é apenas um professor, para lhe trazer a Cristo. Lança-te sobre ele. Caia nos braços da graça salvadora. Nenhuma obra é requerida, nenhuma aptidão, nenhuma justiça própria, nenhuma obra. Estais perfeitos nAquele, que disse: "Está consumado."

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