O livro de Gênesis nos apresenta dois relatos da criação. No primeiro, Deus fez o ser humano a sua imagem e semelhança, e como pessoas sexuais homem e mulher. A eles lhes ordena a serem fecundos e a reproduzir-se (Gênesis 1:27-28).
No segundo relato, Deus formou ao homem e lhe
deu seu Espírito (Gênesis 2:7), colocando-o em um paraíso – coisa que não
sucede no primeiro relato da criação. Depois Deus lhe cria uma companheira
idônea (Gênesis 2:18), criando desta maneira a mulher (Gênesis 2:22).
O homem depois de sair de seu letargo e ao ver
a nova criatura de Deus, se reconhece nela, e, nas primeiras palavras
pronunciadas pelo ser humano na bíblia, declara que vê seu reflexo nela através
de uma identificação total (Gênesis 2:23).
No segundo relato, não existe uma ordem de
submeter-se à criação de Deus, nem de reproduzir-se; porém se deixa ver uma
ordem social, aonde as pessoas criadas são vistas como indivíduos, que se
complementam um com o outro em todo sentido.
Este complemento se realiza através de uma
relação: “esta sim é osso de meus ossos e carne de minha carne” (Gênesis 2:23).
Esta união baseia-se numa identificação e na
habilidade que o criador nos dá para amar ao osso e a carne que é “nossa”.
Este era no começo (numa relação edenista),
porém se desfaz com o ato da ambição pessoal de querer ser como Deus, o que
leva ao ser humano ao pecado, desobedecendo à ordem divina. (Gênesis 3:4-5).
Devido a esta situação e para ordenar a sociedade, os grupos humanos tratam de
regular as relações entre as pessoas criando leis que regulam a união do homem
com uma mulher (casamento), assim como a separação deles (divórcio).
O livro de Levítico, no capítulo 18,
contém leis enquanto a união conjugal e em Deuteronômio 24:1-4 existem
leis que regulam o divórcio. É interessante notar que a passagem sobre o
divórcio se ache dentro de uma seção que regula e decreta a proteção do débil e
do violado.
A proibição para tornar a casar depois de dar
liberdade à mulher (divórcio), era imprópria à cultura hebréia e judia. Não
existe nenhum indício bíblico que o casamento tem sua origem ou fosse
estabelecido como instituição divina, ou como sacramento eclesiástico ou
religioso. É certo que Jesus participou como convidado a uma boda no povo de
Caná da Galiléia (João 2:1-10), mas sua presença foi meramente social e sua
ação foi a de proporcionar o vinho, através de um milagre, a uma celebração. A
palavra sacramento significa “recordar o sagrado”. Reconhecendo que Deus é o
único sagrado, podemos dizer que o casamento como ato celebratório humano, nos
lembra unicamente a presença do amor no casal, que Deus formou, em sua criação;
identificando nesse amor: “és osso de meus ossos e carne de minha carne”.
Em sua projeção histórica e social, o
casamento é regulamentado por costumes e normas culturais tais como temos
visto. As leis ou costumes que o regem não estabelecem o casamento, senão que
socialmente o reconhecem e o regulamentam. A igreja o reconhece com um
significado novo dentro do santificado (separado para Deus), mediante ritos que
mostram uma significação da fé, que pode variar de uma cultura a outra.
No Novo Testamento vemos que em várias
oportunidades, os fariseus e escribas confrontam a Jesus com a concepção acerca
do divórcio (Mateus 19:3-12; Marcos 10:10-12), requerendo, demandando
d’Ele uma resposta imediata. Uma forma de contestar, recusando entrar no jogo
do legalismo, foi: (Moisés)… Vos permitiu repudiar (a palavra usada no grego é apolusai (apolúsai),
que não é repudiar, senão deixar ir, deixar sair, indultar, liberar, perdoar,
divorciar) vossas mulheres, mas ao princípio não foi assim (Mateus 19:8).
Desta maneira Jesus quer voltar a estabelecer
a ordem inicial da criação. Esta proibição radical sua (voltar à raiz), o leva
a ir contra, a se opor – como reflexo de seu amor, a uma lei que o povo tinha e
que era imperfeita, frente à realidade da sociedade, em especial á situação da
mulher. A resposta de Jesus é em defesa da mulher.
Segundo a sociedade judia, a mulher podia ser
divorciada por qualquer causa, especialmente de acordo com a escola do rabi
Hillel. Desta forma, a mulher divorciada, passava a ser criatura sem direitos
humanos nem sociais, ao não ter marido.
A posição de Jesus sobre o divórcio não era
cega, senão que respondia ao amor e à dignidade humana mais do que a lei. Nessa
mesma linha o apóstolo Paulo também autoriza o divórcio quando o cônjuge não é
da fé cristã (I Coríntios 7:15). Aqui Paulo determina que a falta de
identificação e o buscar “viver em paz como nos chamou o Senhor” justifica o
divórcio ou a separação dos cônjuges.
No evangelho de João (João 8:3-11), também
vemos que os escribas e fariseus põem a prova a Jesus, na disjuntiva de aplicar
a lei, que destruía a vida, a pedradas, de uma adúltera, ou a ação do amor, que
implica perdão e reconciliação.
Novamente se repete de alguma forma, o
sucedido no Éden. Os escribas e fariseus querem ser deuses e ter o controle da
decisão sobre a vida e a morte, e querem contaminar a Jesus, pedindo-lhe sua
eleição: a lei que Moisés recebeu de Deus ou o amor que implica o perdão e
reconciliação de Deus. Esta é a resposta de Jesus á mulher e a nós: “Nem
eu também te condeno: vai-te, e não peques mais.” (João 8:11b)
É o amor para com o próximo, principalmente
para o que sofre a opressão da escravizante lei, o que motiva a Jesus a tomar
decisões: para Ele, o casamento está fundamentado no amor que vem a ser o
“núcleo gerador de relações que de outro modo não se sustentaria”. Este amor é
a força e a única união do casamento. Se o vínculo do amor se dissolve, se não
existe a própria identificação na outra pessoa – então, o vínculo legal da lei
matrimonial deixa de ter todo o sentido. A união do amor é antes e maior que a
lei civil ou o rito religioso, que são a conseqüência da expressão desse amor.
Jesus repudiava as respostas legalistas a
todas as perguntas. E assim o fez com o divórcio. Elevou toda a questão ao
nível dos grandes princípios morais, espirituais e humanos… A luz de sua
compreensão, firmeza e simpatia, como aparecem as atitudes da igreja moderna?
Não encontro apoio para a “linha dura” adotada para com o divórcio e o novo
casamento por algumas das grandes igrejas do mundo.
A situação de pecado em que vive a humanidade
nos deve levar a perguntar-nos como igreja: é cristão negar a realidade do
divórcio em nossa sociedade e na igreja, ainda que imperfeitas? É cristão
demandar que as pessoas vivam em relações quebradas e adulteradas por um amor
dissolvido, mantendo uma relação de aparência e negando o “viver em paz como
nos chama o Senhor”?
Uma lei de divórcio por si mesma não gera
permissividade, pelo contrário, pode aprofundar os laços do amor quando é real.
Manter a indissolubilidade pela lei é uma coação externa, criadora de
hipocrisia. O amor está no casal e não necessita uma pressão de fora para se
sustentar. A lei regula outros aspectos do casamento que resultam socialmente
daquela opção de formar o casal. Com uma lei de divórcio haveria mais coerência
entre o amor real e sua expressão legal. Incluindo a possibilidade da
dissolução do vínculo – que se supõe não é por qualquer motivo – deve suscitar
no casal uma forma de aprofundar sua relação de amor e não uma banalização.
O Adultério não resulta como conseqüência do
divórcio. O adultério pode existir num casamento, quando a união está quebrada
– já há pecado. Pode haver alguns mui puros sexualmente, e que já não amam, e
então a união está quebrada, portanto, também estão em pecado de adultério,
ainda que vivam juntos como marido e mulher, cumprindo com a lei.
Muitas pessoas pensam que o adultério só se dá
quando se tem relações sexuais com outrem. Porém, para nós cristãos o adultério
se dá quando cobiçamos uma pessoa.
“Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar
para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela.” (Mateus
5:28)
Diante de Deus todo pecado é pecado, e o homem
fica sem escusa, tornando-se réu de juízo. Assim o sendo, todo homem que cobiça
uma mulher, sendo ou por pornografias, ou pela televisão, ou por qualquer outro
meio, se torna um adúltero, e logo pela lei moral de Deus torna-se culpado.
Sendo culpado, como a igreja ainda o recebe em comunhão, alguns ensinam e
pregam como se nada acontecera?
Porém, se um casal decide divorciar-se, pois
já romperam suas relações, tornando visível esse feito, como o julgará? Como um
pecado? Claro que sim, pois para os homens parece que pecado só é aquele que
aparece. Os que, todavia não se sabem, continuarão não sendo pecado? O pior de
tudo é que julgamos como se não houvesse perdão. Outro fato que não posso
deixar de mencionar é de um casal de jovens, por exemplo, que em seu período de
namoro e noivado, mantém relações sexuais. Até aí parece que está tudo bem, e
até julgamos como o casal mais consagrado da igreja, eles mesmos julgam e
desfazem daqueles que erram em seu trajeto na vida cristã, porém, quando essa
jovem engravida… Tudo o que se realizava antes deixa de ser consagrado. Muitos
pastores excluem essas pessoas e os colocam em exposição de exemplo na igreja,
os humilhando. Casam as pressas, sem nenhuma condição e cuidado que mereciam
ter da igreja e do pastor. Digo para servir de exemplo da nossa hipocrisia e
porque os pecados sexuais para as igrejas, em sua maioria, é o maior dos
pecados já dantes cometidos.
Em Marcos 3:28-29 diz: “Em
verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem
como todas as blasfêmias que proferirem; mas aquele que blasfemar contra o
Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno.”
Logo se há perdão para o adúltero, porque em
muitas igrejas é inadmissível que esse pecador, que recebeu absolvição, possa
participar da mesa do Senhor, ou um pastor de pregar e ensinar, até mesmo sobre
o assunto? Se acaso assim fosse… e os que mentem? E os que fofocam? E os que
odeiam o irmão? E os que cobiçam? E os que estão casados, mas não honram mais
os seus casamentos… como também poderiam estar em seus cargos e atividades?
Não faço apologia a nenhum pecado, somente
busco a verdade Bíblica sobre o assunto e procuro não ser hipócrita. Todo
pecado leva a morte, mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato
de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores (Romanos 4:8).
Se pecar, confesse seu pecado a Deus, peça
perdão com arrependimento e vá, e não peques mais, nunca mais!
O divórcio não é motivo de regozijo. É momento
de reflexão séria, sobre as nossas vidas e as relações humanas. É tempo de
oração e de amor, de perdão e reconciliação. O apóstolo Paulo disse que quando
um sofre, todo o corpo sofre. (I Coríntios 12:26a).
Temos feito uma reflexão bíblico-teológica
sobre o divórcio e para isso nos remetemos ás Escrituras. Porém, em toda a
Escritura há uma experiência que não podemos deixar de lado e que foi anunciada
desde o começo da criação, esta é a prática ou pastoral de Jesus, no
cumprimento de sua missão, cuja fonte inesgotável é o amor, produto de sua
misericórdia.
Esta práxis de Jesus é a que nos inspira a
tomar uma alternativa com respeito ao tema do divórcio.
Tomemos em conta três situações, por exemplo,
nas quais a pastoral de Jesus se faz mais notória em relação ao assunto de
nosso estudo, o divórcio.
1. JESUS DÁ UMA NOVA LEI SOBRE O DIVÓRCIO (MATEUS
19:1-12).
É bom dizer que antes de se produzir a
controvérsia com os fariseus sobre o divórcio, Jesus curou a toda uma multidão
que o seguia e havia posto sua esperança n’Ele. Jesus exerceu seu poder por
amor e misericórdia.
Os fariseus confrontaram a Jesus com uma
pergunta maliciosa acerca do divórcio. Jesus lhes contesta que no princípio não
foi assim (Mateus 19:8b) e sua resposta ao assunto é uma nova resposta, uma
nova lei sobre o divórcio, na que o sujeito dessa nova lei é a mulher. Trata-se
de uma defesa da mulher, que segundo uma postura judia, esta podia ser
divorciada por qualquer causa. (Mateus 19:9).
Já temos visto acerca do significado dos
vocábulos gregos: apoluv (apolúo) e porneia (porneía). Que
nos dá base para considerar a única exceção que Jesus faz, “somente por causa
de infidelidade”, melhor dizendo, quando se produz a deterioração das relações
de amor e de fidelidade no casal.
2. JESUS E UMA DIVORCIADA (JOÃO 4:1-42).
O divórcio é um problema antigo, Moisés teve
que legislar sobre ele. Jesus não encarou como um problema de lei, mas como uma
questão moral. Nesta passagem vemos uma situação de uma mulher samaritana que
havia tido cinco maridos, não foi um fato ocorrido nas grandes metrópoles
atuais, mas na antiga Sicar. Infelizmente, o novo testamento parece mostrar
Jesus dando duas respostas diferentes:
PRIMEIRA RESPOSTA
“Levantando-se Jesus, partiu dali para os
termos da Judéia, e para além do Jordão; e do novo as multidões se reuniram em
torno dele; e tornou a ensiná-las, como tinha por costume. Então se aproximaram
dele alguns fariseus e, para o experimentarem, lhe perguntaram: É lícito ao
homem repudiar sua mulher? Ele, porém, respondeu-lhes: Que vos ordenou Moisés?
Replicaram eles: Moisés permitiu escrever carta de divórcio, e repudiar a
mulher. Disse-lhes Jesus: Pela dureza dos vossos corações ele vos deixou
escrito esse mandamento. Mas desde o princípio da criação, Deus os fez homem e
mulher. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [e unir-se-á à sua
mulher,] e serão os dois uma só carne; assim já não são mais dois, mas uma só
carne. Porquanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem. Em casa os
discípulos interrogaram-no de novo sobre isso. Ao que lhes respondeu: Qualquer
que repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério contra ela; e se ela
repudiar seu marido e casar com outro, comete adultério.” (Marcos 10:1-12)
SEGUNDA RESPOSTA
“Tendo Jesus concluído estas palavras, partiu
da Galiléia, e foi para os confins da Judéia, além do Jordão; e seguiram-no
grandes multidões, e curou-os ali. Aproximaram-se dele alguns fariseus que o
experimentavam, dizendo: É lícito ao homem repudiar sua mulher por qualquer
motivo? Respondeu-lhe Jesus: Não tendes lido que o Criador os fez desde o
princípio homem e mulher, e que ordenou: Por isso deixará o homem pai e mãe, e
unir-se-á a sua mulher; e serão os dois uma só carne? Assim já não são mais
dois, mas um só carne. Portanto o que Deus ajuntou, não o separe o homem.
Responderam-lhe: Então por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio e
repudiá-la? Disse-lhes ele: Pela dureza de vossos corações Moisés vos permitiu
repudiar vossas mulheres; mas não foi assim desde o princípio. Eu vos digo
porém, que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de
infidelidade, e casar com outra, comete adultério; [e o que casar com a
repudiada também comete adultério]. Disseram-lhe os discípulos: Se tal é a
condição do homem relativamente à mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes
disse: Nem todos podem aceitar esta palavra, mas somente aqueles a quem é dado.
Porque há eunucos que nasceram assim; e há eunucos que pelos homens foram
feitos tais; e outros há que a si mesmos se fizeram eunucos por causa do reino
dos céus. Quem pode aceitar isso, aceite-o.” (Mateus 19:1-12)
Fundamentar a atitude de Cristo para com o
divórcio em Marcos ou em Mateus me parece um erro. Jesus recusava dar respostas
legalistas a todas as perguntas que lhe faziam, e assim também rejeitou quando
questionado a respeito do divórcio. Em todas as palavras de Jesus sobre o
divórcio, se reconhece o da lei mosaica com grandes limitações, e que o pecado
humano faz que o seja quase inevitável. O divórcio não é um impedimento para
que se receba o dom da vida que Ele lhe oferece. Creio que de alguma maneira,
Jesus sem debilitar no mais mínimo a santidade do casamento, oferecia, todavia
os ministérios de sua graça no serviço do casamento e a santa comunhão aqueles
que pela dureza de seus corações houveram falhado e pecado. Por mais manchados
e sujos que estejamos Ele vem a nós oferecendo-nos seu todo.
3. JESUS E A MULHER ADÚLTERA (JOÃO 8:1-12).
Outra vez nos encontramos com Jesus em plena
atividade, se achava ensinando a todo um povo e prontamente aparecem em cena os
escribas e os fariseus com uma situação muito delicada, e esperam que Jesus de
um parecer ante a pergunta: “Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais
sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?” (João 8:5)
Há uma atitude de Jesus frente a eles, não
lhes dá importância, preferia continuar ensinando o povo e se coloca a escrever
com o dedo no chão. Os escribas e fariseus insistem no assunto, querem saber se
Jesus vai permitir que se cumpra a lei e neste caso a mulher deveria ser
apedrejada. Ao contrário seria desobedecer com a lei e então devia ser acusado.
Ante a insistência deles, Jesus os confronta
com ação e lhes disse, em outras palavras: “está bem, podem executar a pena,
mas primeiro antes de fazê-lo, será que não violaram essa mesma lei”, ou
melhor, dizendo, vocês não tem pecado.
Já sabemos o resultado, ninguém se atreveu a
aplicar a pena e Jesus ao ver que não estavam os acusadores e a mulher se
encontrava sozinha, talvez esperando a pena, e ante a expectativa de todo um
povo que estava sendo ensinado por Ele, se permite fazer uma exceção da lei:“Respondeu
ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não
peques mais” (João 8:11). Daí sua afirmação vale para o final da história: “Então
Jesus tornou a falar-lhes, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue de
modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida.” (João 8:12)
Desta atitude de Jesus podemos chegar a
seguinte reflexão:
Se a Moisés se permitiu legislar sobre o
adultério e o divórcio, pela dureza do coração do homem, agora, em vista do
abuso de que se faz da lei e fazendo ficar mais grave à situação do ser humano,
Jesus dá uma exceção por causa do amor e a misericórdia de Deus, a lei não se
aplicará.
Jesus em nenhum momento desconheceu a lei,
pelo contrário, sempre a teve em conta, mas a mesma dureza do coração do homem
a anula e a substitui por uma nova lei: o amor.
Partindo dessa prática de Jesus, a igreja deve
tê-la em conta em toda a sua pastoral, seja qual seja o problema que tenha que
atender, não somente o divórcio. Daí que este assunto do divórcio é confrontado
desde a pastoral de nosso Mestre, que disse: “Eu sou a luz do mundo; quem
me segue de modo algum andará em trevas, mas terá a luz da vida” (João
8:12b).
As considerações de liberdade, amor,
santificação e tempo revelam-se de forma especialmente clara em relação ao
casamento.
Na epístola de I Timóteo 4:4, opondo-se
àqueles que proíbem o casamento e o uso de certos alimentos, declara Paulo: “pois
todas as coisas criadas por Deus são boas, e nada deve ser rejeitado se é
recebido com ações de graças”.
Já nessa passagem está evidente que Paulo
considerava o casamento como algo bom e não há dúvida dessa realidade. O
casamento não é invenção humana, mas deriva-se de Deus, que criou homem e
mulher (Efésios 5:31 = Gênesis 2: 24; compare com I Coríntios
6:16). Por ser o casamento fundamentalmente bom, o crente tem plena liberdade
para se casar. Além da liberdade, entra também uma outra consideração que deve
ser levada em conta aqui: o crente deve casar-se “somente no Senhor”, quer
dizer com outro crente? (I Coríntios 7:39).
São interesses da santificação que proíbem o
casamento misto. Mas no caso de um de dois cônjuges descrentes se converter, é
a mesma consideração que indica a permanência daquele casamento, isto é: a
consideração da santificação, que é estritamente relacionada pelo apóstolo.
No casamento, homem e mulher se tornam uma só
carne, uma relação cuja natureza é determinada pelo fato de que, em Cristo, os
dois constituem um só corpo (Gálatas 3:28; I Coríntios 12:13). Assim, num
casamento “no Senhor”, cada um procurará edificar o outro, o que governará a
relação é o amor mútuo. Esse amor entre homem e mulher serve para ilustrar o
amor entre Cristo e a Igreja (Efésios 5:22-33; compare com II Coríntios
11:2), como também estes nos ajuda compreender o amor entre os cônjuges. É o
amor de Cristo que determina todo relacionamento num casamento cristão.
Que o casamento seja permanente é a vontade do
Senhor (I Coríntios 7:10-11), como também que a prioridade (não superioridade!)
do homem seja reconhecida (I Coríntios 11:3, 7-9, 14:34; Efésios 5:22; Colossenses
3:18; I Timóteo 2:11; Tito 2:5). No fato dos cônjuges pertencerem um
ao outro se reflete o fato de ambos pertencerem a Cristo e, por isso, a esposa
deve ser submissa ao marido, e este deve amá-la (Efésios 5:22-33; Colossenses
3:19). Pertencer a Cristo determina o uso do corpo. Por isso a imoralidade
sexual é incompatível com o casamento cristão (I Coríntios 6:12-20). De várias
maneiras, pois, Paulo relaciona a santificação e o amor com o casamento.
Entendemos que o casamento é bom em si e pode
até ser necessário para evitar a imoralidade sexual (I Coríntios 7:2-9; I
Tessalonicenses 4:3-8) e outras tentações que enfrentam o não casado e a viúva
(I Timóteo 2:15; 5:13). Aos demais motivos Paulo acrescenta essas razões
naturais para uma pessoa dar-se em casamento.
Casamento, não resta dúvida alguma, é, aos
olhos de Paulo, bom. Mas até do bom o cristão tem liberdade total de usar ou de
não usar.
“Ora, quanto às coisas de que me escrevestes,
bom seria que o homem não tocasse em mulher.” (I Coríntios 7:1)
Aqui Paulo até expressa uma preferência pelo
estado de solteiro. Que pode ser o motivo dessa preferência?
Certas circunstâncias específicas em que a
pessoa se encontra devem ser levadas em conta:
Angustias da situação atual (7:26)
O tempo se abrevia (7:29)
A forma atual deste mundo passa (7:31)
Os casados podem sofrer mais (7:28),
sofrimentos que Paulo quer poupar aos leitores (7:32).
Aos não casados podem servir ao Senhor mais
integralmente (7:32, 35).
Todas essas considerações podem levar a pessoa
a não se casar. Mas para não se casar, a pessoa deve possuir o dom de
continência; caso contrário, ela deve se casar e manter as relações sexuais
dentro do casamento. (I Coríntios 7:2-9) O casamento, pois, em I Coríntios
7 é encarado como uma concessão, para evitar imoralidade sexual ou o
“viver abrasado”.
Agora, já constatamos que, para o apóstolo, o
casamento é bom, por isso o cristão desfruta da liberdade plena de casar-se.
E é à luz de todas as declarações positivas da
parte do apóstolo que deve ser avaliado seu conselho em I Coríntios 7. O
conselho de não se casar só pode se derivar de certas circunstancias
específicas. Não se casar à luz da proximidade do Reino, e à luz da nova
avaliação que o conhecimento disso traz para a vida temporal. Jesus nos ensina
a mesma verdade (Mateus 19:12c). Temos que concluir, portanto, que, para Paulo,
o casamento tem valor relativo. Sendo relativo o valor do casamento, o crente
deve considerar como pode melhor servir ao Reino, buscar em primeiro lugar o
reino (Mateus 6:33).
Finalizando, sabemos que o casamento, conforme
Paulo, é bom… mas como todos os bens temporais, seu valor é relativo:
“… que… os casados sejam como se o não
fossem.” (I Coríntios 7:29)
Depois de uma reflexão bíblico-teologica e
análises da prática pastoral de Jesus. Chegamos as seguintes conclusões sobre o
divórcio:
Seguindo a doutrina protestante, confirmamos
que o casamento não é e nem tem caráter sacramental. Cremos que o vínculo do
matrimônio é parte do projeto de Deus, total e permanente, criando uma nova
realidade e vida no casal.
Em todo o casamento há momentos de crises,
portanto, a igreja deve oferecer elementos pastorais para reconstrução e a
restauração das relações matrimoniais, mediante de um pastoral familiar. Se tem
que enfatizar que a fé e o amor devem ser a base e o sustento de todo a relação
matrimonial.
O adultério ou fornicação cometida depois de
um contrato, sendo descoberto antes do casamento, dá à parte inocente justo
motivo de dissolver o contrato; no caso de adultério depois do casamento, à
parte inocente é lícito propor divórcio, e depois de obter o divórcio casar com
outrem, como se a parte infiel fosse morta. Mateus 1:18-20, Mateus
5:31-32, e Mateus 19:9.
"Posto que a corrupção do homem seja tal que o
incline a procurar argumentos a fim de indevidamente separar aqueles que Deus
uniu em matrimônio, contudo só é causa suficiente para dissolver os laços do
matrimônio o adultério ou uma deserção tão obstinada que não possa ser
remediada nem pela Igreja nem pelo magistrado civil; para a dissolução do
matrimônio é necessário haver um processo público e regular. Não se devendo
deixar ao arbítrio e discrição das partes o decidirem seu próprio caso. Mateus
19:6-8; I Coríntios 7:15; Deuteronômio 24:1-4; Esdras 10:3." CFW
24:5, 6.
Segundo a teologia de Paulo, o casamento tem
seu valor relativo, assim como todos os bens temporais. E o que é o mais
contundente é que o apóstolo não faz alusão alguma à lei judaica sobre o
casamento, mas usa o princípio de amor mútuo entre os cônjuges, figurando assim
o amor de Cristo pela Igreja.
Relacionando o ser uma só carne. O casamento,
segundo Paulo, vale mais para se manter uma vida santificada, sem imoralidades
sexuais ou masturbações.
Considerando ainda vários pensamentos e
teorias distintas sobre esse tema, nos quais respeito muito, levanto outras
considerações:
Aquele que se divorcia e não casa novamente,
porém tem uma vida casta, não está em pecado. I Coríntios 7:11 “Se, porém, se
apartar, que fique sem casar, ou se reconcilie com o marido; e que o marido não
deixe a mulher”.
Aquele que se divorcia e casa novamente comete
pecado de adultério, uma só vez, portanto não vive em pecado, obviamente se
tudo tiver sido feito segundo os tramites legais de cada país e principalmente
se houve arrependimento diante do Senhor. Mateus 19: 9 “Eu vos digo, porém, que
qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de infidelidade, e casar
com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete
adultério”. Marcos 10:11 “Ao que lhes respondeu: Qualquer que repudiar sua mulher
e casar com outra comete adultério contra ela; 12 e se ela repudiar seu marido
e casar com outro, comete adultério”.
Aquele que escolheu não casar-se não está em
pecado e pode ser um pastor. I Coríntios 7:32 “Pois quero que estejais livres
de cuidado. Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar
ao Senhor”.
Se há perdão para o adúltero, levando em conta
que Deus não nos imputa mais os pecados dantes cometidos, sim poderá ser
pastor.
Todos os pecados cometidos pelos homens são
perdoados por Deus, sendo adultério, fornicação, mentira, odiar ao irmão
(homicídio), impurezas sexuais (pornografias, cobiça masturbação, etc.), amor
ao dinheiro; exceto blasfêmia contra o Espírito Santo, ficando sem mancha do
passado.
Marcos 3:29 “Mas aquele que blasfemar
contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado
eterno”.
Mateus 12:32 “Se alguém disser alguma
palavra contra o Filho do homem, isso lhe será perdoado; mas se alguém falar
contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste mundo, nem no
vindouro”.
Tiago 2:11 “Porque o mesmo que disse: Não
adulterarás, também disse: Não matarás. Ora, se não cometes adultério, mas és
homicida, te hás tornado transgressor da lei”.
Jeremias 31:34 “E não ensinarão mais cada
um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque
todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes
perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados”.
Salmos 85:2 “Perdoaste a iniqüidade do
teu povo; cobriste todos os seus pecados”.
Isaías 1:18 “Vinde, pois, e arrazoemos,
diz o Senhor: ainda que os vossos pecados são como a escarlata, eles se
tornarão brancos como a neve; ainda que são vermelhos como o carmesim,
tornar-se-ão como a lã”.
Isaías 43:25 “Eu, eu mesmo, sou o que
apago as tuas transgressões por amor de mim, e dos teus pecados não me lembro”.
Jeremias 31:34 “E não ensinarão mais cada
um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque
todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor; pois lhes
perdoarei a sua iniqüidade, e não me lembrarei mais dos seus pecados”.
Romanos 3:9 “Pois quê? Somos melhores do
que eles? De maneira nenhuma, pois já demonstramos que, tanto judeus como gregos,
todos estão debaixo do pecado";
Romanos 5:20 "Sobreveio, porém, a
lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a
graça;
Colossenses 1:14 em quem temos a
redenção, a saber, a remissão dos pecados”.
I João 1:9 “Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda
injustiça”.
Deus nos chamou para vivermos em paz, não
devemos permitir que nenhum homem coloque fardo sobre nós, pois Cristo nos
tirou da maldição da Lei.
I Coríntios 7:23 “Por preço fostes
comprados; mas vos façais escravos de homens”.
Romanos 8:15 “Porque não recebestes o
espírito de escravidão, para outra vez estardes com temor, mas recebestes o
espírito de adoção, pelo qual clamamos: Aba, Pai!”
I Coríntios 7:22 “Pois aquele que foi
chamado no Senhor, mesmo sendo escravo, é um liberto do Senhor; e assim também
o que foi chamado sendo livre, escravo é de Cristo”.
Gálatas 2:4 “E isto por causa dos falsos
irmãos intrusos, os quais furtivamente entraram a espiar a nossa liberdade, que
temos em Cristo Jesus, para nos escravizar”.
Gálatas 5:1 “Para a liberdade Cristo nos
libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um jogo de
escravidão”.
“Posto que a corrupção do homem seja tal que o
incline a procurar argumentos a fim de indevidamente separar aqueles que Deus
uniu em matrimônio, contudo só é causa suficiente para dissolver os laços do
matrimônio o adultério ou uma deserção tão obstinada que não possa ser
remediada nem pela Igreja nem pelo magistrado civil; para a dissolução do
matrimônio é necessário haver um processo público e regular. Não se devendo
deixar ao arbítrio e discrição das partes o decidirem seu próprio caso (Mateus
19:6-8; I Coríntios 7:15; Deuteronômio 24:1-4; Esdras 10:3)”, CFW
24:5, 6.
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