O EVANGELHO







João Batista e Jesus Cristo pregavam: “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo” (Mt 3.2; 4.17, NVI). Esse texto tão simples, que tantas vezes lemos, me impactou e chamou minha atenção para tudo o que nele se encerra. Essa é a verdadeira, simples e pura mensagem do evangelho. Então, deparei-me com a seguinte pergunta: “Será que o que está sendo propagado nos púlpitos das nossas igrejas é o genuíno evangelho pregado e vivido por João Batista e Jesus Cristo?”.

No seu livro, Com Vergonha do Evangelho, John MacArthur F. Jr, nos relata que: “no século passado, Charles Haddon Spurgeon advertiu que a igreja estava se afastando da pureza do evangelho. Ao invés de proclamar com ousadia as verdades das Sagradas Escrituras, os crentes estavam tornando-a mais aceitável, sendo cuidadosos em não ofender qualquer pessoa.” Em outras palavras, os crentes estavam mais preocupados em agradar ao homem com suas pregações toscas e deturpadas do que em agradar a Deus com uma pregação dura, incisiva que ofenda e denuncie o pecado, propagando assim a verdadeira mensagem do evangelho.

Pregar o evangelho nem sempre é fácil, mas é a tarefa primordial e sumamente importante de todo cristão verdadeiro preocupado com as verdades bíblicas. A mensagem que temos que pregar é ofensiva e carrega em seu cerne um arcabouço de verdades (inferno, morte, danação eterna, pecado, cruz, sangue, diabo, Jesus, graça, arrependimento, salvação, vida eterna, etc.) que aos olhos de muitos pregadores modernos, se pregadas afugentariam as pessoas ao invés de atraí-las para a igreja. Aqui reside um grande e recorrente problema: “não devemos pregar o evangelho esperando que atrair os ouvintes para a igreja, mas pelo poder do Espiríto Santo confrontá-los com a sua pecaminosidade e levá-los arrependidos aos pés da cruz de Cristo.” Contudo, com a pregação deturpada do evangelho de Cristo, é mais fácil convencer uma pessoa de que ela é uma vencedora do que uma pecadora condenada à danação eterna. Tudo isso por conta de que o evangelho de Cristo deixou de ser pregado e deu lugar à Filosofia, política, humor, Psicologia, conselhos populares que jamais conseguirão realizar o que só a pregação genuína do evangelho pode realizar, a saber, dar vida a quem está morto em delitos e pecados (Ef 2.1, 5).

Quando voltamos o nosso olhar para os reformadores e os puritanos, vemos que a pregação deles do evangelho era bíblica e conseqüentemente teocêntrica, que revelava o pecado, fería o orgulho humano de forma poderosa e transformava vidas; o que é muito contrário aos dias de hoje (salvo alguns poucos fiéis que ainda cumprem com galhardia a fiel missão de serem arautos de Cristo) onde vemos pregações do tipo fast-food, ou seja, sermões rápidos, informais que cristianizam a auto-ajuda e que servem mais para entreter do que convencer do pecado, enfim, causam um desserviço ao reino de Deus.

Não podemos falar de pregação do genuíno evangelho de Cristo, sem mencionarmos o maior pregador de todos os tempos, afora o próprio Jesus, o apóstolo Paulo.

Paulo acreditava e pregava que o evangelho era (e é) o poder de Deus pra a salvação de todo aquele que cresse (Rm 1.16). Ele viveu essa verdade até findar-se a sua vida. Hoje, vemos um evangelho fragmentado, totalmente deturpado e embotado por um antropocentrismo depravado. O evangelho, que Paulo pregava incluía todas as verdades reveladas acerca de Jesus (Rm 1.1-6; I Co 15.3-11). Assim entendemos que, o evangelho não se limita à conversão e a justificação pela fé, mas abrange todos os outros aspectos da salvação, desde a santificação à glorificação. Com isso devemos lembrar que, quando o evangelho genuíno de Cristo é pregado, sua mensagem é poderosa para transformar vidas quando divinamente aplicada, ou seja, quando o homem deturpa e mutila o evangelho, suas palavras não passam de paleativos tolos, bravatas de pseudos-arautos do evangelho, que com suas pregações tornam as pessoas que lhes seguem duas vezes mais filhos do inferno do que eles próprios, a exemplo dos fariseus e mestres da Lei (Mt 23.15).

Nas palavras do princípe dos pregadores, a saber, Charles Haddon Spurgeon: “quando o evangelho é pregado completa e poderosamente e o Espirito Santo é enviado dos céus, nossas igrejas não apenas retêm os seus, mas ganham outros convertidos; mas quando desaparece aquilo que constitui a força da igreja – ou seja, ao ser encoberto o evangelho e menosprezada a vida de oração – tudo se transforma em mera aparência e ficção. Por isso, nosso coração fica machucado de tristeza.”

Se o coração de Spurgeon ficava machucado, como ficava o Deus? E em nossos dias como será que está o coração de Deus com a pregação do Seu evangelho? Que Ele se apiede de nós!!


Joel da Silva Pereira              

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